O "Utility Arch", conhecido entre nós como "Arco Base", é assim chamado em razão de uma posição do jogo de beisebol, tão popular nos E.U.A. Tal posição representa uma espécie de "curinga" do jogo: capaz de trabalhar em qualquer situação. Com efeito, a partir de pequenas modificações, o Arco Base pode efetuar movimentos de intrusão, extrusão, avanço, recuo, controle de torque, movimentos assimétricos, além de participar ativamente na construção ou na manutenção da ancoragem.
Na sua forma básica, ele é o participante mais assíduo da Mecânica da Terapia Bioprogressiva de Ricketts e representa a característica mais importante desta tão inteligente forma de terapia ortodôntica: a MECÂNICA SECCIONAL, que possibilita ações independentes e perfeitamente controladas nos três planos do espaço. Para que você possa utilizá-lo de maneira segura, siga os conselhos do Dr. Ricketts:
1- APRENDA a tirar todo o proveito deste dispositivo de "mil e uma utilidades". Ele insere-se nos molares e passa ao largo dos premolares e caninos, possibilitando movimentos que arcos contínuos não conseguem fazer com igual controle. Tanto incisivos superiores como inferiores podem ser manipulados com o Arco Base;
2- USE o Arco Base para abrir a mordida ANTES de iniciar a retração dos anteriores. As pesquisas mostram que abrir a mordida através da extrusão dos dentes posteriores põe em risco a estabilidade. Reduzir mordidas profundas por meio de rotação da mandíbula no sentido de abertura tende a recidivar. Intruindo os dentes anteriores e eliminando as interferências, estaremos protegendo a A.T.M., evitando que os côndilos sejam forçados para trás nas cavidades glenóides;
3- NÃO se assuste se as raízes dos incisivos convergirem e as corôas divergirem um pouco durante a intrusão com o Arco Base. Os alvéolos são mais estreitos na região dos ápices. Raízes um pouco convergentes fazem com que elas se mantenham afastadas dos caninos, fazem com que elas retornem aos seus trajetos de erupção e as mantém seguras em relação ao osso cortical, que poderia tornar o tratamento mais longo dificultando a intrusão;
4- LEMBRE-SE que, quando possível, você poderá utilizar seus Arcos Base precontornados em vários tamanhos,precisando apenas adaptá-los ao caso. Porém, fabricá-los na hora sob medida, é uma tarefa fácil (desde que você saiba como fazê-lo);
5- CONSTRUA seus Arcos Base com alças em "T" ou "L" entre os incisivos em casos de dentes apinhados, onde bráquetes contíguos não estejam nos mesmos planos do espaço. Tenha sempre em mente que fios contíguos mesmo extremamente leves, sofrendo deflecções em espaços inter-bráquetes reduzidos, podem gerar forças muito mais pesadas do que se imagina. Tais excessos serão absorvidos pelo periodonto e poderão, no mínimo, prolongar o tempo de duração do tecido hialinizado, dificultando e prolongando o tratamento. As alças garantem forças mais leves e controle da movimentação. As raízes agradecerão por sua integridade;
6- TENHA EM MENTE que para alinhar dentes apinhados, você precisa de... ESPAÇO. Dependendo de quanto você necessita, com o Arco Base você pode conseguir;
7- USE o Arco Base nos incisivos inferiores, em tenra idade, nos pacientes com Classe II, 1 e protrusão maxilar acentuada. Em conjunto com Tração Extra-Oral aplicada aos molares superiores há redução do overjet e conseqüentemente melhora do selamento labial;
8- INICIALMENTE, para o total controle dos molares inferiores, comece com 4 movimentos: ação de verticalização (30 graus), Torque bucal de raiz (os tubos das bandas pré-soldados da prescrição de Ricketts já vem com 22 graus - com mais 15 graus, totalizam 37 graus). Rotação distal (12 graus já no tubo), e Expansão de 1 centímetro de cada lado nas extremidades posteriores;
9- ACREDITE: toda a arcada inferior, nas mordidas profundas com Curva de Spee acentuada, mover-se-á para distal. Com a intrusão dos incisivos inferiores e a verticalização dos molares submetidos ao Torque bucal de raiz, a ancoragem destes dentes contra a placa cortical, fará com que molares se inclinem para distal e carreguem consigo toda a arcada. Deverá ser exercido controle desta inclinação;
10- CERTIFIQUE-SE de dobrar as extremidades distais do Arco Base para travá-lo funcionalmente. Caso contrário, ele deslizará no tubo (as extremidades dobradas poderão servir para prender os elásticos de Classe II quando sua utilização for necessária);
11- COLOQUE o degrau vertical posterior bem justo contra o tubo do molar. Caso contrário, as pressões mastigatórias poderão deformar o arco anterior ao tubo; afastando-o do rebordo. Quando isso ocorre, o molar é girado mesialmente e será inclinado excessivamente para lingual, além de sobrecarregar o periodonto;
12- UTILIZE para a confecção de seu Arco Base para a arcada inferior, o fio Elgiloy quadrado, de 016 X.016 de polegada. O momento de força por ele produzido é suficiente para realizar a inclinação do molar em um certo período de tempo, dentro dos limites de segurança. Formas de arcos mais pesados ou mesmo que gerem forças fora do controle do ortodontista, provocam esclerose óssea e inibem a movimentação dos incisivos;
13- QUANDO os incisivos inferiores estiverem apinhados e inclinados para lingual, use alças auxiliares de avanço, que colocadas de forma inteligente, poderão ao mesmo tempo, avançar, alinhar, nivelar e intruir, sem jogá-los contra os caninos;
14- NO SETOR anterior, lembre-se que o arco passivo, na prescrição de Ricketts, já automaticamente coloca os incisivos a 16 graus em relação ao Plano Oclusal;
15- NÃO se preocupe se um dos lados mover mais depressa que o outro. Um exame cuidadoso poderá revelar se na intrusão dos incisivos laterais está colidindo com o canino, com a cortical óssea, ou ainda se o arco sofreu uma deformação;
16- PARA intruir seletivamente apenas os incisivos centrais superiores, use o mesmo fio (0.16 X 0.16). A ponte mais longa e a superfície maior representada pelas raízes maiores desses dentes estão no limite da força exercida por esse arco. Quando eles estiverem ao nível dos incisivos laterais, construa outro arco para continuar a intrusão em conjunto;
17- CONSIDERE a utilização de forças auxiliares para intrusão dos incivos superiores. Alguns clínicos preferem o fio mais grosso, de .017 X .022. É bom lembrar que forças mais pesadas para os incisivos também exercerão sua ação nos molares e poderão extruí-los, provocando prematuridade. Considere arcos seccionais ou outros auxiliares para reforçar a ancoragem dos molares. É sempre mais seguro considerar forças mais leves;
18- SE você usar um High-pull anterior como auxiliar para a intrusão nunca use mais de 150 gramas de força. Como diz o Dr. Ricketts, força excessiva pode matar um dente... ou simplesmente inibir qualquer movimentação;
19- SE você usar Arco Base de Contração para fechar espaços, fique atento para o reforço da ancoragem dos molares. Nunca use mais de 100 gramas de força para a retração dos incisivos inferiores. É sempre útil MEDIR a força que você pretende usar;
20- QUANDO você terminar de intruir os caninos individualmente, após a intrusão dos incisivos, não se esqueça de amarrá-los ao Arco Base, se ainda não tiver chegado a hora de estabilizá-los com os arcos seccionais;
21- APÓS terminadas as ações de posicionamento dos incisivos e verticalização, distoversão e ancoragem cortical dos molares, utilize o Arco Base passivo para segurar os resultados que você conseguiu, enquanto tranqüilamente trabalha nos setores intermediários com um arco resiliente "overlay", ou seccionais com alça;
22- USE os molares inferiores como ancoragem para elásticos de Classe II, suportados por Arco Base quando você tiver preparado com êxito a ancoragem cortical. Ao contrário do edgewise clássico, se o Arco Base for corretamente utilizado, não há necessidade de elásticos de Classe III para evitar o avanço dos incisivos inferiores como conseqüência das ações de nivelamento, alinhamento e correção da Curva de Spee acentuada.
23- EM pacientes adultos, use seu Arco Base contra os segundos molares inferiores. Movendo estes dentes para distal, ou simplesmente verticalizando-os, o arco servirá de apoio para verticalizar os primeiros molares com uma cadeia elástica. Isto concorrerá para ajudar no problema das discrepâncias de comprimento de arco, antes da utilização da arcada inferior como ancoragem para a resolução de uma situação de Classe II.
O Prof. Dr. J. Eduardo Pires Mendes , grande divulgador da bioprogressiva no Brasil, escreveu:
O Arco Base constitui símbolo de uma mecânica ortodôntica extremamente inteligente . É capaz de realizar as ações necessárias para o posicionamento dos dentes segundo uma planificação detalhada, possibilitando o trabalho muitas vezes simultâneo nos três planos de espaço. Como se tudo isso não fosse suficiente, dá-nos ainda a possibilidade de controlar suas ações oferecendo-nos segurança em nosso trabalho. A Terapia Bioprogressiva criada pelo Dr. Ricketts, uma filosofia em constante evolução, com seguidores inteligentes nos quatro cantos do mundo, oferece uma forma de trabalho que os bons avanços da modernidade só podem tornar ainda mais eficiente.
Fonte de informação: "American Institute for Bioprogressive Education", Ricketts Advanced Seminar Sylabus - vol. II, pgs. 556, 564, 565
http://www.wwow.com.br/portal/colunas/colunas.asp?secao=1&sc=1&scol=2&id=1
Cephalometric analysis and synthesis - 1961